Por Raoni Alves, G1 Rio


A CET-Rio prometeu realizar estudos de mobilidade urbana antes de tomar uma decisão sobre o Viaduto Graça Couto. — Foto: Marcos Serra Lima / G1

Polêmica de acesso à Gávea pela Lagoa-Barra provoca discussões

Polêmica de acesso à Gávea pela Lagoa-Barra provoca discussões

Moradores da Gávea e de São Conrado, bairros da Zona Sul do Rio, estão divididos quanto à abertura ao trânsito do Viaduto Graça Couto – via que dá acesso, pelo Túnel Zuzu Angel, à Rua Marquês de São Vicente, na Gávea.

A Prefeitura do Rio reabriu a via temporariamente como alternativa ao Túnel Acústico Rafael Mascarenhas, que foi fechado na última sexta-feira (17) depois que uma estrutura de concreto desabou.

Enquanto a polêmica entre os moradores é reacendida, o município prometeu realizar estudos de mobilidade na região antes de decidir se alça de acesso permanecerá aberta, ou se será novamente fechada. Até lá, o viaduto seguirá aberto.

Motoristas utilizam viaduto reaberto na saída do túnel Zuzu Angel, na Gávea, Zona Sul do Rio — Foto: Marcos Serra Lima/G1

"A gente vai manter ele aberto e nós vamos, ao longo da semana, observar qual impacto que ele causa ali na região da Marques de São Vicente, na Gávea, e qual o beneficio que ele proporciona pra quem vem do Zuzu Angel", explicou o diretor da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio), Joaquim Dinis, em entrevista ao RJ1.

Segundo o presidente da Associação de Moradores e Amigos da Gávea (Amagávea), Rene Hasenclever, um estudo realizado em 2003 apontava que a cada 50 mil carros que passavam por dia pelo túnel acústico, 9 mil desciam pelo viaduto Graça Couto e "entupiam a Gávea". Para ele, "a Gávea não pode ser um bairro de passagem".

"A Gávea só tem uma entrada e saída, que é a Marques de São Vicente. Já estamos saturados de veículos. Temos que acabar com a cultura do automóvel. A Gávea não pode ser um bairro de passagem. Quem mora na Barra, quem mora no Jardim Oceânico, o caminho é a Lagoa-Barra", disse Rene.

Viaduto reaberto na Gávea tem vergalhões expostos — Foto: Marcos Serra Lima/G1

Mas na opinião do representante dos moradores de São Conrado, José Britz, a abertura da via serve como uma válvula de escape para quem quer chegar à Marques de São Vicente e ajuda a desafogar o trânsito na Autoestrada Lagoa-Barra.

"São 100 mil carros por dia passando pela Lagoa-Barra. Então, não tem lógica fechar isso aqui. Logicamente que a maioria do trânsito vai seguir em frente. Então, essa desculpa que vai ter muito trânsito não existe. É uma válvula de escape para o trânsito e permite a Lagoa-Barra respirar", opinou Britz.

Em 2003, a associação de moradores do bairro conseguiu que o então prefeito do Rio fechasse o viaduto Graça Couto — Foto: Reprodução TV Globo

Fechado por 16 anos

O Viaduto Graça Couto, responsável por ligar o túnel Zuzu Angel, no sentido Zona Sul, à Rua Marquês de São Vicente, na Gávea, foi inaugurada em 1972. Até 1982, quem vinha da Barra da Tijuca só tinha essa passagem para acessar os outros bairros da cidade.

Logo depois da construção do Túnel Acústico Rafael Mascarenhas, a pequena via passou a servir apenas ao bairro da Gávea. Durante 20 anos, os moradores reclamaram do fluxo intenso e do barulho. Em 2003, a associação de moradores do bairro conseguiu que o então prefeito do Rio, Cesar Maia, fechasse o acesso.

Luiz Otávio, morador da Gávea desde 1999, acredita que o mais correto é esperar os estudos da Prefeitura.

"Pela lógica e pelo estudo técnico que deve ser feito, eu acredito que a Marquês de São Vicente não pode absorver essa carga de trânsito".

Para o presidente da Amagávea, os técnicos da CET-Rio vão manter a via bloqueada.

"Acreditamos que os técnicos de hoje da CET-Rio vão ser tão sábios quanto os técnicos de 2003, que chegaram a conclusão que não comporta esse movimento de automóveis. Naquela época eram 9 mil e hoje devem ser uns 30 mil carros descendo aqui", comentou Rene Hasenclever.

Do outro lado do debate, o presidente da Amasco acredita que "o bem comum deve ser preservado", e mesmo diante de algum prejuízo, a decisão do Poder Público deve beneficiar o maior número de pessoas possível.

"Cada bairro tem que ser muito solidário com o outro. O bem comum deve ser preservado. Não é só um bairro. A Zona Sul e a Zona Oeste se interligam aqui. É preciso ter uma válvula de escape permanentemente aberta. Pode ter algum inconveniente, sim, mas é pelo bem maior", avaliou José Britz.

CET-Rio garante estudo de mobilidade

Ao G1, a Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio (CET-Rio) disse que um estudo será desenvolvido para avaliar os impactos na circulação da rua Marquês de São Vicente e no tráfego local do bairro da Gávea, assim como, benefícios gerados para a acessibilidade à região para quem vem do túnel Zuzu Angel e melhorias na fluidez na rua Mário Ribeiro e adjacências.

Após o término desse estudo, será definida a configuração mais adequada para o local.

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