Após dois anos consecutivos de aumento do desmatamento e das queimadas, o orçamento proposto pelo governo Bolsonaro para a área ambiental em 2021 é o mais baixo do século, revela o relatório “Passando a Boiada”, lançado pelo Observatório do Clima na última sexta-feira (22/1).
Ao analisar o segundo ano de desmonte ambiental sob Bolsonaro, o documento mostra que as promessas feitas desde a campanha eleitoral – de acabar com o ativismo ambiental e fechar o Ministério do Meio Ambiente – estão sendo cumpridas à risca.
O governo inicia 2021 com uma redução de 27% no orçamento para fiscalização ambiental e combate a incêndios florestais na comparação com os gastos autorizados em 2020.
O orçamento proposto reafirma a estratégia de continuar sufocando a fiscalização do Ibama e acabar com o Instituto Chico Mendes: houve corte de 61% dos recursos previstos especificamente para criação e gestão de unidades de conservação em relação ao orçamento autorizado em 2018 (governo Temer).
O corte de recursos se soma a medidas como a flexibilização do controle da exportação de madeira e o loteamento de cargos nos órgãos ambientais entre policiais militares. Ao mesmo tempo, houve um esforço de relações-públicas com resultados pífios ao entregar também a Amazônia — além da saúde, da articulação política e de diversas outras áreas da gestão estatal — aos homens da caserna.
O relatório também mostra que a “boiada” tocada pelo ministro Ricardo Salles enfrentou resistência de instituições, da sociedade civil e da comunidade internacional. Mas a manutenção da “porteira” que barrou medidas como a MP da Grilagem e o PL que libera garimpo e outras atividades econômicas em terras indígenas dependerá, em grande medida, da eleição do novo presidente da Câmara, na próxima semana.
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