Brasil

Enchentes matam 45 pessoas e deixam 108,9 mil desabrigados no país

Há previsão de chuva forte no Sudeste; Minas Gerais tem 145 cidades em situação de emergência e dez pessoas morreram nas últimas 24 horas
Enchentes em Minas Gerais causam mais 10 mortes nas últimas 24h Foto: Gil Leonardi / Divulgação/MG
Enchentes em Minas Gerais causam mais 10 mortes nas últimas 24h Foto: Gil Leonardi / Divulgação/MG

BRASÍLA — Passado pouco mais de um mês com fortes chuvas castigando as regiões Norte, Nordeste e Sudeste, seis estados do país já somam 108,9 mil pessoas desabrigadas e desalojadas. O número de brasileiros que perderam suas moradias na Bahia, em Minas Gerais, Tocantins, Espírito Santo, Maranhão e Piauí equivale à população da cidade de Itaperuna, no Rio de Janeiro. De acordo com informações desses estados, 45 pessoas morreram.

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O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) informa que há possibilidade de novas inundações e deslizamentos de terra no Sudeste, principalmente em Minas Gerais, Região Serrana do Rio de Janeiro e centro-sul do Espírito Santo. A partir de quinta-feira, a tendência é que a situação meteorológica comece a melhorar, com a diminuição da chuva no Sudeste.

Ao todo, 45 pessoas já morreram em decorrência das chuvas Foto: Editoria de arte
Ao todo, 45 pessoas já morreram em decorrência das chuvas Foto: Editoria de arte

Minas Gerais sofre com as enchentes nos últimos dias, 145 municípios já estão em situação de emergência e 19 pessoas morreram desde o início do período chuvoso no estado. A Defesa Civil de Minas ainda não contabiliza no boletim os dez mortos do desabamento do cânion em Capitólio, no último sábado, o que aumentaria para 29 mortos no estado.

O deslizamento de uma encosta em Brumadinho (MG) ontem matou cinco pessoas da mesma família dentro de um carro. Em Belo Horizonte, uma mulher de 42 anos também morreu soterrada com o desabamento de sua casa na manhã do último domingo. Já em Raposos, na Região Metropolitana da capital mineira , ao menos mil casas foram inundadas após o transbordamento do Rio das Velhas. Há também pessoas ilhadas e mais de cem interdições em rodovias federais e estaduais do estado.

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A chuva deu uma trégua aos baianos nos últimos dias, mas deixou um rastro de destruição e milhares de famílias estão ainda em abrigos das prefeituras e casas de familiares neste início de ano. No estado, 26 pessoas perderam a vida na maior enchente dos últimos 30 anos, duas pessoas ainda estão desaparecidas. O GLOBO mostrou o drama dos parentes de mortos pelas chuvas que buscam retornar à rotina.

Número de desabrigados e de desalojados em quatro estados Foto: Editoria de arte
Número de desabrigados e de desalojados em quatro estados Foto: Editoria de arte

Há também desabrigados e desalojados nos estados do Maranhão, Tocantins e Espírito Santo. O governo do Piauí decretou situação de emergência em todo estado por conta das inundações em vários municípios. Na capital Teresina, 468 famílias estão desabrigadas, ou seja, cerca de 1.800 pessoas afetadas, segundo informações da Secretaria Municipal de Defesa Civil (Semdef).

Próximas semanas

A partir de quinta-feira a chuvarada deve “dar uma aliviada” ao Sudeste do país. Segundo Olívio Bahia, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as chuvas continuam, mas nada tão crítico como vem ocorrendo. Daí, então, o clima deve ficar mais com “cara de verão”, sol aparecendo durante o dia e pancada de chuva localizada.

— De forma geral, a chuva continua no Norte, parte do Centro-Oeste e ainda no Sudeste. Só que agora no Sudeste de forma mais pontual, chuva mas com cara mesmo de verão — pontua Olívio Dutra.

Famílias desabrigadas pelas chuvas em Minas Gerais. Foto: Gil Leonardi / Divulgação/MG
Famílias desabrigadas pelas chuvas em Minas Gerais. Foto: Gil Leonardi / Divulgação/MG

Segundo ele, a chuva no Tocantins, Pará, Maranhão e Piauí é causada em função de um sistema típico do verão, conhecido como de vórtice ciclônico em alto nível que atua sobre o Nordeste.

— Boa chance nesta semana (da chuva continuar) no Maranhão, Piauí até o Ceará e na segunda semana também. O problema é que como choveu muito, mesmo reduzindo de volume , continua impactando. É como se você tivesse uma piscina cheia e resolvesse colocar mais um balde de água, acaba transbordando —  explica o meteorologista.