Economia
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Por — Brasília

RESUMO

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GERADO EM: 12/02/2025 - 19:59

Críticas a Lula por exploração de petróleo na Amazônia: Impactos ambientais e climáticos em destaque.

O presidente do Ibama critica Lula por pressionar exploração de petróleo na Foz do Amazonas. Suely Araújo, ex-Ibama, considera a ação negacionismo em meio à crise climática. A abertura do bloco 59 pode intensificar a exploração na região, desconsiderando impactos ambientais e climáticos. Araújo destaca a contradição entre proteção ambiental e expansão de atividades prejudiciais ao clima. A especialista alerta para o aumento da temperatura e a necessidade de transição energética.

Ex-presidente do Ibama e atual coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima, Suely Araújo afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi "inaceitavelmente desrespeitoso" com servidores e o atual chefe do Instituto Brasileiro e Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis , Rodrigo Agostinho, ao dizer que o órgão ambiental parecia agir contra o governo. Suely também afirmou que ampliar a exploração de petróleo em "plena crise climática" é "negacionismo".

Ao se referir à exploração da chamada Foz do Amazonas, Lula criticou o Ibama pela falta da autorização para explorar petróleo pela Petrobras e defendeu a pesquisa na região. O tema é alvo de disputa interna no governo.

— O presidente da República foi inaceitavelmente desrespeitoso com os servidores do Ibama e seu dirigente. É preciso lembrar que todos os empreendimentos da Petrobras e de outras petroleiras no mar foram licenciados pelo Ibama — afirmou ao GLOBO.

Margem Equatorial — Foto: Editoria de Arte
Margem Equatorial — Foto: Editoria de Arte

Lula tem feito declarações públicas pressionando o Ibama a liberar a perfuração do bloco 59 da Margem Equatorial para a Petrobras realizar pesquisas para a exploração de petróleo.

Suely negou em 2018 a exploração de cinco blocos próximos ao 59. À época, o órgão citou a sensibilidade ambiental da região, mesmo ponto apontado atualmente. Além de correntes fortíssimas, que potencializa a ocorrência de acidentes, a região também tem chuvas fortes, além de ser cercada por manguezais e populações originais.

— O bloco 59 está localizado numa nova fronteira exploratória, com grande sensibilidade ambiental e correntes fortíssimas. Esse quadro potencializa a ocorrência de acidentes e no processo necessita estar assegurado que a Petrobras terá estrutura para gerenciar essas situações.

Crise climática

Apesar do bloco 59 não ser o único na região, a pressão política por sua perfuração ocorre por ter potencial de destravar outros licenciamentos para a Margem Equatorial. Atualmente, 9 blocos já foram leiloados e estão sob contrato de concessão, ente eles o 59, e 47 estão na oferta permanente, ou seja, em oferta de venda.

— A pressão política toda vem do fato de que o bloco 59 será uma abertura de porteira para facilitar a liberação de muitos outros blocos na região, indo na direção da forte intensificação da exploração de petróleo no país. Em plena crise climática, isso configura negacionismo, na minha opinião.

Suely também reforçou que a decisão pela perfuração é exclusiva do Ibama e que há discussões que precisam ser feitas para além do bloco em questão destacando especialmente a crise climática.

— Não sei qual vai ser a decisão do presidente do Ibama, mas cabe somente a ele e sua equipe aprovar ou rejeitar essa perfuração. Há outra discussão importante a ser feita, que vai muito além do bloco 59. Somente no leilão do dia 17 de junho há 47 blocos ofertados na Foz e outros na bacia Potiguar, que também integra a Margem Equatorial.

Aumento da temperatura

Um dos principais pontos levantados por Suely é o aumento da temperatura que, segundo ela, surpreende até mesmo cientistas, o que seria intensificado com a abertura de novos pontos que exploração e queima de combustíveis fósseis.

— A situação é muito complexa. O aumento da temperatura tem vindo de um jeito que nem os cientistas esperavam. Mesmo que o Brasil faça opção por exportar, esse petróleo vai ser queimado em algum lugar. Não resolve falar que vai exportar para pegar dinheiro — afirmou, completando: — Tenho maior receio com a decisão governamental de expandir muito a exploração de petróleo no país. 2024 foi o ano mais quente registrado, o segundo ano mais quente foi 2023. A crise climática chegou e estamos com eventos extremos para todo lado

A especialista afirma ainda que há uma "narrativa" que coloca o bloco 59 como sendo a solução dos problemas de recursos do Brasil e rebate "narrativas governamentais" que tentam justificar a necessidade da pesquisa para eventual exploração.

— A própria narrativa governamental de usar dinheiro para transição é furada. Você pode usar para transição energética, pode e deve, mas nas plataformas que estão abertas. Você abrir novas fronteiras, como querem na Margem Equatorial, você vai estar sempre piorado a causa o problema que a transição energética quer resolver. Vou justificar a expansão para investir na transição energética, mas a expansão tá piorando — afirmou, completando: — Petróleo também não traz justiça social e distribuição de renda. Rio de Janeiro, Campos, Macaé não tem indicadores sociais elevados, mesmo tendo exploração de petróleo. Não tem padrão claro de exploração e geração de renda.

Proteção ambiental

Suely aponta ainda uma contradição entre a posição do Brasil de tentar se destacar na proteção ambiental e a defesa do presidente pela exploração.

— Quando o Brasil opta em plena crise climática caracterizada, bem clara, pela expansão de uma atividade econômica que está no coração das causas da crise climática é complicado. Petróleo dá dinheiro, com certeza, mas no planeta temos que nos livrar dessas fontes fosseis. Não é para amanhã, mas temos que ter um cronograma sério

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